“Tudo está certo, tudo está perfeito. Porém basta um olhar, uma frase, e logo o passado retorna.”
(Coisas que aconteceram...)
“A conversa parecia agradável em nível de mesa de bar. Sorrisos eram trocados sem o interesse direto de seduzir. Afinal tudo já havia acabado e ambos mostravam-se rumar para a amizade e para o carinho restante em decorrência de meses intensos vividos pelo casal. Ambos tinham pessoas que os amavam. E ambos amavam essas pessoas. No entanto quando um pedido de uma breve ausência foi permitido, os dois olharam-se e expressaram bem mais que um olhar. Toques rápidos e descompromissados foram divididos, mais sorrisos, elogios, lembranças e ao retorno daquele que se fora, tudo voltou a se encaixar novamente nos sutis sinais que nem mesmo o ex casal notaram transmitir.”
Há certas coisas que fazem com que eu perca um tempo desnecessário em busca de uma explicação plausível. E uma delas é o fato de alguns sentimentos que insistem em margearem nossos pensamentos e que vão para um lugar de destaque, permitindo que ligeiros desconfortos ganhem proporções nos fazendo pensar que o amor possa se manifestar de uma maneira que nos falte maturidade para compreendê-lo.
Por vezes achei que não há nada como um novo amor para que o antigo caia por terra. Entretanto, as sensações de que “você ainda me pertence!” pareceram desafiar esta tese pouco interessante. É fato que há algo que nos prende a pessoa que “tínhamos”. Seja o costume ou o simples possessividade herdada firmemente de nossos parentes australopitecos.
O desconforto é o pior deles. Encontrar a pessoa em qualquer ambiente que seja faz quedar uma sensação quase criminosa de que algo está errado. E que nos obriga a contornar essa situação da maneira mais rápida e eficiente, pondo-se em prática uma educação forçada que nem mesmo nossos pais nos ensinaram a aprender.
E ver a pessoa por quem se sente esse misto de confusão indefinida com outra pessoa simplesmente não é uma tarefa fácil, por mais contentes e satisfeitos que possamos estar em nossa própria relação. E quando tudo parece também afetar a outra pessoa da mesma maneira que nos afeta, é desconcertante.
E isso tudo me leva a crer que questões sem respostas aparentes e relações sem fim definido servem apenas para refrear uma nova história que deve ser vivida por todos que buscam verdadeiramente estar do lado de alguém. E situações como esta parece nos tirar do foco e confundir ainda mais, nos fazendo esquecer que realmente tudo deve acabar quando se chega a um fim.